4.5.12

E eu que falo três linguas...








"Bilíngues são malabaristas naturais", refere Viorica Marian, co-autora da investigação da universidade norte-americana de Northwestern, "conseguem manipular melhor os sons que recebem e, tudo indica, automaticamente prestar mais atenção aos relevantes em detrimentos dos restantes. Em vez de suscitar a confusão linguística, o bilinguismo melhora um 'controle inibidor', ou a capacidade para seleccionar os sons relevantes do discurso e ignorar os outros".
Divulgado na "Proceedings of the National Academy os Sciencies ", o estudo levado a cabo com 48 estudantes - 25 apenas falantes de inglês, 23 falantes de inglês e espanhol - conseguiu obter pela primeira vez dados biológicos que mostram que o bilinguismo melhora o funcionamento do cérebro e o modo o sistema nervoso reage aos sons.
Através de eléctrodos foram registados os padrões das ondas cerebrais dos estudantes. Ao escutarem discursos gravados sem ruídos de fundo, ambos os grupos reagiram de forma similar. No caso de gravações em que as vozes surgiam entre outros sons, os cérebros dos estudantes bilíngues foram muito mais eficazes a focar a sua atenção e análise apenas nos discursos.

Capacidades semelhantes às dos músicos


"O bilinguismo enriquece o cérebro e tem consequências reais no seu modo de funcionamento, especificamente na atenção e memória funcional", afirma Nina Kraus, que conduziu a investigação.
Os dados biológicos recolhidos mostram a enorme plasticidade neurológica ligada à relação entre as funções sensoriais e cognitivas. As capacidades potenciadas pelo bilinguismo são semelhantes às que ocorrem com os músicos.
Futuramente, as duas investigadoras vão tentar perceber se esses efeitos ocorrem também quando se aprende uma segunda língua numa fase tardia da vida.

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