E hoje volto a partilhar um texto ge-ni-al.
Mats
Olsson, 52 anos, foi o melhor guarda-redes de andebol do mundo nos seus
tempos de mocidade. Naquele tempo, Olsson era uma torre loira com o
poder mágico de cobrir todos os ângulos da baliza. Nos últimos anos,
este sueco foi o seleccionador de andebol de Portugal, mas não
demonstrou o poder mágico necessário para alterar a ética de trabalho
dos locais. De regresso a pastagens mais frias (Noruega e Suécia),
Olsson fez declarações que deixam bem vincadas o choque cultural:
"sinto-me frustrado por não mudar algumas mentalidades. Observei jogadores que têm talento para estar entre os 10 melhores do mundo, mas para isso precisam de trabalhar mais". E continua: "os jogadores são os principais responsáveis pelo handicap.
Quando era jogador, perguntei a mim próprio se teria dado o meu máximo
enquanto andebolista de alta competição. E a resposta foi sim. É esta
mentalidade que falta em Portugal".
Eu não sei se este é um retrato exacto do andebol português, mas parece-me um retrato acertado da sociedade portuguesa. O desporto é um espelho fiel de um país. Há uns anos, Quique Flores, ainda no Valência, disse qualquer coisa como isto a Miguel:
"podias ser o melhor lateral-direito do mundo, mas com essa vida
nocturna só podes ser um dos melhores". Miguel não mudou de vida, e não
foi o que podia ter sido no futebol. Para quê trabalhar a fundo quando
podes viver do talento do desenrasca? Mas, neste episódio, o pior até
foi a forma sorridente como o Zé Tuga, na minha rua, no meu café,
encarou este episódio: "ó Miguel, és o maior, ganda maluco". Ora, este Zé Tuga é o mesmo que mantém uma relação de ódio com Ronaldo,
um dos maiores profissionais que o futebol já conheceu. Para ser amado
sem hesitações em Portugal, Ronaldo tinha de fazer fintas e dribles
inconsequentes e, depois, não podia ser tão eficaz e germânico junto à
baliza. Isso irrita o Zé Tuga, que, claro, considerará Olsson como um
"racista lá do norte".
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